terça-feira, 7 de janeiro de 2014

CAMOCIM E SEUS LUGARES E RUAS ANTIGOS



Agradecendo os acessos dos nossos leitores em 2013, iniciamos mais um ano sempre na missão de destacar nossa história. Que em 2014, possamos ter mais um ano fecundo na descoberta e na escrita do nosso passado. Neste espaço já retratamos antigos nomes de espaços e logradouros de Camocim. No entanto, como prometemos anteriormente, iremos explorar um pouco mais a obra “Adolescência na Selva”, do camocinense SOUZA LIMA. Alguns destes nomes nos soam familiares porque transmitidos pela tradição oral, outros nem tanto. Aí é que está a importância de um escrito como este, datado do início do século XX, quando ainda éramos uma cidadezinha nascente, na transição de distrito da Barra do Camocim ligado à Granja. Os maiores de sessenta anos, com certeza se acharão e se identificarão com estes nomes.
Deste modo, quando o autor rememora a perda do salário semanal de seu pai, funcionário da Estrada de Ferro, registra: “... ao atravessar o Largo Velho, já na esquina do Coronel Severiano José de Carvalho, ao meter a mão no bolso, sentiu que o dinheiro que havia recebido naquele sábado não estava mais ali” (p.16). Ao falar sobre um touro indomável e faminto que corria a cidade sem rumo, diz da sua localização quando o bovino parecia lhe ameaçar: “Eu estava perto do Trapiche Pernambucano, onde os navios pegavam gado, quando havia inverno”. Finaliza dizendo sobre o fim trágico do animal: “E o touro negro, alguns dias depois, foi encontrado morto lá para os lados do Quadro Velho...” (p.24-5). Ao noticiar um crime hediondo contra a família de Francisco Nelson Chaves, do qual veio a falecer o mesmo e sua esposa, o autor nos transporta para as origens do primeiro bairro de Camocim – o Cruzeiro, onde morava o criminoso Joaquim Pacífico de Oliveira: “Socaram-se ali no Largo da Cruz do Século. Compraram aqueles terrenos por um tostão de mel coado” (p.48). Das brincadeiras de menino, nosso escritor descreve a do Judas: “Quando o sino das Oficinas bateu duas badaladas bem compassadas, o mano levantou-se devagarinho com o Judas no ombro...”.  O tal Judas seria roubado por outros rapazes camocinenses que estudavam na capital. Na descrição do roubo, um “caminho” entre a Rua do Egito e a Rua do Sol é revelado: “... uma gritaria se ouvia para o lado do Bêco do João Vital, - eram os alunos do Colégio Militar que vinham numa algazarra enorme, arrastando o Judas para defronte de nossa casa, para fazerem pouco de nós”. (p.67-8).
Oficinas de Camocim. Arquivo do blog.
Feito este mergulho no tempo, lembro-me de quando era menino na Rua do Egito a partir do final dos anos 1970. O sino das Oficinas (foto) não soavam mais e o Beco do João Vital já tinha sido tapado. E você, do que se lembra?


Fonte: LIMA, Souza. Adolescência na Selva.1967.

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